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Nina Rodrigues e o Racismo Estrutural

Profundamente marcado pelo darwinismo, Nina Rodrigues é, talvez, a figura mais controversa a viver nos anos em que atuou. Seja por suas ideias e contribuições para a comunidade médica ou, ainda, por seu racismo que o mesmo não parecia ter medo ou receio em demonstrar. Algo muito visto em suas várias obras construídas ao longo de sua carreira.

Nascido no interior do Maranhão, em meados de 1862, sua vida foi dedicada aos estudos, sobretudo à medicina. Sendo a Bahia o local do qual ele conquistou seu título de doutor. Já doutorado, Rodrigues voltou ao Maranhão, especificamente São Luiz onde começou sua vida profissional e se dedicou, também, a escrever artigos acerca da higiene pública e estudos sobre a lepra.

Racista, eugenista e conservador declarado, Nina Rodrigues dedicou sua vida aos estudos dos quais pudesse comprovar, cientificamente, a inferioridade de negros e indígenas. Sempre debruçado sob as obras eugenistas de Galton e o darwinismo social de Spencer. Ele defendia que negros e índios deveriam receber tratamento diferenciado por sua “composição social” diferenciada, em relação a população branca. Rodrigues defendia, inclusive, que a sociedade deveria ser homogênea. Algo impossível naquela época.

Era este, um dos vários indícios da temível 'teoria' do branqueamento.

Não obstante, Nina Rodrigues defendia, ainda, uma abordagem para negros, indígenas e mestiços de acordo com sua raça. Pensamento este que o levava a crer que o sistema penal brasileiro era errôneo. Uma vez que, sua tese era de que o tratamento não poderia ser o mesmo para todas as ‘raças’. Em outras palavras, por negros e indígenas não possuírem o mesmo nível de conhecimento e aprendizado dos brancos, estes eram demasiados inferiores para gozarem do mesmo sistema perpetrado aos brancos. 

Este era, assim como vários estudos de cunho preconceituoso e racista, o mesmo pensamento ocidentalizado criado pelo Ocidente para entender e explicar outros povos e culturas que, não necessariamente, representassem os valores vitorianos - ocidentais - da época. Algo já abordado por Edward Said em sua obra "Orientalismo" (1978).

Muito embora vivamos, atualmente, sob um contesto supostamente mais abrangente e tolerante. Pensamentos e ideais, como os quais Nina defendia, ainda são presentes nos dias atuais. Sob a ótica Queer transnacional, estas são narrativas historicamente construídas, das quais dependem do atual status quo de segregação versus privilégio para poucos, para existirem e beneficiarem as elites no poder.

Não é atoa que o conhecimento sempre esteve nas mãos das elites.

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